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terça-feira, 31 de março de 2015

TEOLOGIA E FILOSOFIA: DEUS NA LEI DA “NÃO CONTRADIÇÃO”

O problema da Teologia nasce a partir da sistematização.

Os Teólogos pós-apostólicos, procuraram responder alguns temas como: Theontologia, Cristologia, Hamartiologia, fazendo um diálogo com a Cultura grega através da filosofia grega.

A teologia Judaica não reflete a partir dos pressupostos da filosofia. 

Podemos ver essa realidade a partir da teoria da identidade na Filosofia Grega.

Aristóteles acreditava que o “arché” (principio)  é o “Ser” a razão (logos) que é uma espécie de “motor que move tudo e não é movido”.

O Arché é a causa, é o “Ser” de Parmênides, “imutável” o ser que “É”.

Na lógica da filosofia grega, o “Ser” ou “É” ou não É, nesse principio, o Ser não pode “Ser e não Ser” ao mesmo tempo.

Esse é o principio do chamado “Terceiro excluído”.

Mas o que tem a ver o principio do “Terceiro excluído” com a Teologia Cristã?

Tudo a ver.

Vamos usar esse principio do “Terceiro excluído” na sistematização, desde os pais da igreja primitiva até os reformadores.

PREMISSA “A”  Deus  é soberano

PREMISSA “B” Deus como soberano pode salvar todos os homens

PREMISSA “C” Deus salva  todos os homens

A Primeira Premissa ou premissa maior, é uma verdade absoluta nas Teologias: Agostiniana, Pelagiana, Semipelagiana, Agostiniana, Calvinista, Arminiana e Armínio-Wesleyana.

A Segunda Premissa, também é uma verdade absoluta decorrente da afirmação da primeira, também encontra concordância com todos.

Já a Terceira Premissa, todas as tradições teológicas discordam, pois ela fere a lógica, é o “Terceiro excluído”  ou a  “Lei da não contradição”.

Veja que na lógica da Filosofia, a terceira premissa é verdadeira.

Acontece que na Teologia Cristã ela é falsa, e porque é falsa se ela segue a lógica da afirmação das duas primeiras premissas?

É ai que percebemos os limites da filosofia como interlocutora na elaboração das respostas apresentadas nas questões de fé.

A Verdade da Teologia Bíblica é que TODOS OS HOMENS NÃO SERÃO SALVOS.

Mas quais respostas dão as Teologias para a “negação” da lógica da Soberania de Deus?

É ai que começa a complicação.

As tradições Agostiniana-Calvinista vão dizer:

“Deus não salva, porque ele elegeu os que se salvariam no eterno decreto”, embora ele tenha poder para salvar, não salvará, pois já decidiu de antemão os que seriam ou não salvos.

Preservam a Soberania, mas não respondem a questão da liberdade humana, dos homens que não tiveram opção e serão condenados.

Os Semi/Pelagianos e Arminianos vão dizer:

“Deus não salva, porque o homem pode resistir a sua soberania, pois de alguma forma, Ele se auto-limita, para dar o livre arbítrio ao homem de escolher aceitar ou rejeitar sua oferta de salvação”.

Preservam o livre arbítrio, mas não respondem sobre a questão da Soberania Divina, que passou a ser limitada pelo livre arbítrio humano.

Veja que não tem solução esse impasse.

E a Teologia Judaica refletia a partir desses pressupostos?

A Resposta é Não!

O palavra “conhecer” na cultura judaica é “experimentar” na cultura ocidental é “memorizar, entender através de guardar na mente”.

No judaismo não há reflexão com base num “Futuro”, sua teologia não é especulativa, refletem a partir da experiência.

O verbo “ser” não é conjugado no presente em relação a uma pessoa.

Um judeu não diz: “Eu sou engenheiro”, mas “Eu exerço a função, ou trabalho em engenharia”.

O verbo ser não pode ser pronunciado.

No livro de Jeremias Capitulo 18, mostra que a relação entre Yavé e os Judeus é interativa:

“No momento em que eu falar, para o povo fazer o bem e o povo fazer o mal eu deixo de fazer o bem que havia prometido e vice versa”.

O futuro está em aberto, não está fechado, espera as ações dos homens para ter o seu desfecho final.

Na cultura hebraica não existe reflexão com base no futuro, pois esse não existe. (isso não quer dizer que ele não acreditavam na redenção final, mas sim, que não refletiam sobre Deus usando os pressupostos da lógica grega).

Jesus seguindo a tradição Judaica advertiu: “O amanhã se encarrega dos seus próprios males”, se referindo a ansiedade.

A pergunta é como sair dessa labirinto?

Se afirmo a soberania na perspectiva Agostiniana-Calvinista, nego o livre arbítrio humano, se afirmo o livre arbítrio humano, relativizo a soberania divina.


A resposta seria não resolver,mas, adotar outra forma de refletir, deixar a lógica grega  da “lei da não contradição” ou “terceiro excluído”, e passar a refletir a partir da afirmação no Evangelho de João:

“No principio (Arché) era o verbo (logos, razão) e esse “Ser que É”, se humanizou, se fez carne, relativou os absolutos do “motor que não se move” (Aristóteles) e se moveu, habitou entre nós (João 1.1-3; 14).

Dessa forma, a reflexão sai da dimensão atemporal e absoluta do principio da identidade que “É” (imutável) e  sem deixar de “Ser”, na humanidade foi “Sendo”.

O Deus absoluto e soberano, firmado na reflexão das premissas grega, ao se fazer carne, olhou para Jerusalém e disse:

“Jerusalém, quantas vezes eu quis te juntar como a galinha junta os seus,  mas você não quis” (Lucas 13.34).


O Deus todo poderoso que pode salvar, mas não salva, não pode ser excluído pela lógica da “lei da não contradição”, pois n’Ele não há contradição, mas sim, paradoxo, verdades que ou se aceita pela fé ou rejeita pela razão.

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