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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A VIDA EM DUAS DIMENSÕES

O que é a vida? Em termos psicológicos poderíamos definir a vida como “Pulsão”. A vida pulsa em duas dimensões:

(1) “Na expansão” e na
(2) “Contração”.

Na “expansão” é o pulsar, o viver sem as “regras da moral”, ou seja, o que deseja meu corpo me impulsiona para a realização.

Na parábola o filho que sai de casa, queria viver na “expansão”, obter o que desejava, mas para isso precisava romper com as regras do “pai” (religião, igreja, lar): “E O MAIS MOÇO DELES DISSE AO PAI: PAI, DÁ-ME A PARTE DOS BENS QUE ME PERTENCE”. (Lucas 15.12).

O filho mais velho escolheu viver na “Contração”. Significa que quando o desejo é reprimido o “corpo se enrijece", essa ação na psicanálise é denominada “Criar couraça”. Os músculos que se expandem quando executam o desejo, são os mesmos que se contraem quando esses desejos são “reprimidos” por qualquer lei.

A contração do filho mais velho pode ser vista no seu desabafo (catarse?): “E NUNCA ME DESTE UM CABRITO PARA ALEGRAR-ME COM OS MEUS AMIGOS” (Lucas 15.29).

A vida que pulsa na “expansão” busca a alegria da posse do objeto desejado, mas esse desejo uma vez em posse do sujeito, pode lhe dar novamente a sensação de insatisfação: “E, TORNANDO EM SI, DISSE: QUANTOS JORNALEIROS DE MEU PAI TÊM ABUNDÂNCIA DE PÃO, E EU AQUI PEREÇO DE FOME!” (Lucas 15.17).

Desejo é produto da ausência. A presença aniquila o desejo, relativiza o valor do objeto que outra era desejado.Viver na “expansão” leva o homem a diluição, não há forma de saciar totalmente o desejo.

Viver na “contração” também leva a “aniquilação”, visto que sempre haverá a grande pergunta: “E se eu tivesse ido em busca teria me alegrado?".

A diferença entre as duas dimensões de vida é que, quem arrisca “expandir” chegará a conclusão que é responsável pela sua insatisfação (Lucas 15.17), mas quem vive na “contração” sempre arrumará um bode expiatório para justificar sua covardia: “EIS QUE TE SIRVO HÁ TANTOS ANOS, SEM NUNCA TRANSGREDIR O TEU MANDAMENTO, E NUNCA ME DESTE UM CABRITO PARA ALEGRAR-ME COM OS MEUS AMIGOS” (Lucas 15.29).

Qual a solução? Não tenho! Mas fica um conselho: “Não viva na expansão a ponto de se tornar um irracional”, mas também não viva na contração a ponto de se tornar o mesmo irracional”. Procure um meio termo, não expanda de mais, nem se contraia de mais, ambos extremos aniquilam a vida. A contração petrifica, a expansão dilui. No primeiro o humano vira mineral, no segundo vira animal...

3 comentários:

  1. Excelente texto Lima.

    "Desejo é produto da ausência. A presença aniquila o desejo, relativiza o valor do objeto que outra era desejado.Viver na “expansão” leva o homem a diluição, não há forma de saciar totalmente o desejo."

    O filósofo francês Comte Sponville comenta a relação humana com o desejo citando quatro mentes brilhantes.
    Ele lembra que, em Sócrates, "amor é desejo, e desejo é falta". Para Platão, "o que não temos, o que nos falta: eis os objetos do nosso amor e do nosso desejo".
    Sartre, por sua vez, acredita que "o homem é fundamentalmente desejo de ser, e desejo é falta".
    Shoppenhauer, o mais pessimista de todos, arremata dizendo que "a vida é um pêndulo entre o sofrimento e o tédio".

    Seu raciocínio é lógico: Quem não tem o que deseja, sofre pela falta, e, depois de realizar o desejo sofre pelo tédio.

    É assim que funciona a vida? O Eclesiastes tem razão?

    Abraços.

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  2. Caro J. Lima


    Mais um profunda análise. Parabéns

    O VAZIO que faz nascer o DESEJO. Depois do desejo satisfeito, o VAZIO volta, de forma que não haja a COMPLETUDE que nos mataria de tédio.

    Abraços,

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  3. Vejo nesta insatisfação constante da nossa alma, um desejo enorme de equilíbrio que somente Deus pode nos fazer gozar. No entanto, eu tenho que confiar que Ele pode me conduzir ao equilíbrio. Ao meu ver, o ponto é eu permitir...

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