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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Como Deus se relaciona comigo?


JEREMIAS 18.1-10
Uma das perguntas mais importantes para o cristão é: “Como Deus se relaciona comigo”? Ter uma visão clara de como Deus intervém na dimensão humana é importante para que a vida do cristão tenha consolo, ao mesmo tempo evita o descontrole, de ficar sempre com medo de que Deus vai fazer algo que está totalmente contra a sua vontade.


No contexto proximo ao episódio onde Jeremias vai a casa do oleiro, Deus já estava  advertindo a tribo de Judá,  que estava em decandencia. Haviam se afastado de Deus e estava caminhando para colher as consequências dos seus atos. (Jr 17.1-27).  Essa tribo iria mais tarde ser levada ao cativeiro em babilônia . (Jr 29.10-11).

Deus chama Jeremias e o manda a casa do oleiro, ao chegar lá Deus usa um processo pedagógico audio-visual, manda ele observar o trabalho do artesão ao mesmo tempo em que fala ao seu coração. Nessa experiência narrada por Jeremias, Deus mostra como ele se relaciona com o homem. O texto mostra uma  figura de Lingugem com três componentes de forma simbólica:
O oleiro = Deus
A roda  = A vida
O barro em cima da roda = O homem  (representado no texto pela tribo de judá).

Nessa narrativa veremos alguns principios deixados por Deus para nos indicar como Ele se relaciona com o homem criado a sua imagem e semelhança:

I. Deus nos da a vida e nos coloca em movimento. Viva consciente de que no movimento da vida, o im-previsto é pré-visto por Deus. Ele não nos impede de correr riscos (Jr 18. 3).

 Jeremias ao chegar a casa do oleiro viu que “ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas” (v3). O oleiro colocou o barro num local de movimento, isso porque, a vida é um processo, e tudo no universo se move. O oleiro sabe que ao colocar o barro em cima da roda havera riscos, contudo ele também sabe que uma vida sem riscos não tem significado.

O risco do barro estar sobre as rodas é grande, mas o alvo é maior, todo barro necessita de uma trajetória até se tornar vaso, antes de ser vaso, o vaso é barro. Um vaso não deixa de ser  barro  mas ganha forma , no entanto ele precisa estar em movimento:  “em cima da roda”. Quem quiser se relacionar com Deus precisa saber que ao nos dar vida, Ele já sabe que iriamos ter imprevistos, contudo aquilo que nao é visto pelo homem é ante-visto por Deus. Viva a vida e corra risco, pois correr risco é a essencia de quem está vivo. Deus nos deu a vida e junto com elas essas possibilidades.

II –Deus nos deu a vida para aprendermos que Ele nos tem nas mãos, mas isso não significa que vai nos livar dos acontecimentos que nos causam dor, mesmo estando em suas mãos há possibilidade de nos quebrarmos (Jr 18. 4).

A figura do oleiro e do barro mostra a pedagogia divina no tocante a sua atitude diante do  homem. A roda simboliza a vida, o homem é o barro que gira. A vida é movimento, o barro precisa suportar as contingências do movimento, afinal o mais previsto na vida é justamente o imprevisto! O vaso se “quebrou”, não foi o oleiro que o quebrou,  portanto não precisa pedir para o “oleiro quebrar o vaso”, deixe que a vida se encarrega disso, pois tudo o que está em movimento está em risco.

Deus não tem prazer no sofrimento humano. O sofrimento é um mal necessário, somos compostos de matéria frágil. O texto diz : “o vaso se lhe quebrou nas mãos”! Eis ai um paradoxo: “Se estou nas mãos de Deus como posso me quebrar”? Deua não é todo poderoso? A resposta é sim, mas quem disse que ser todo poderoso é fazer todas as coias? Ser todo poderoso é ter poder para não fazer! Deus é tão poderoso que trabalha com a liberdade humana. Ele limita o seu poder pela nossa liberdade, pois caso contrário ele não poderia dizer que nos ama! O amor se expressa na liberdade de quem ama e o objeto do seu amor.

As pessoas querem um Deus que as livre das adversidades da vida, que não as deixe sofrer, contudo esquecem que a vida é sofrimento, não há como viver sem sofrer. O vaso se quebrou nas mãos do oleiro. Estar nas mãos do oleiro não significa a isenção do sofrimento e das quedas, mas que nos sofrimentos e nas quedas, a mão do oleiro sempre está próxima para nos ajudar a prosseguir.

III. Deus nos Deus  a vida  para corrermos riscos, as quedas pode nos fazer perder a forma anterior, mas no processo de des-construção, o alvo é ser re-construido com uma forma melhor que a anterior (Jr 18. 4-5).

Jeremias observa que o oleiro pega o barro e certamente põe na roda e novamente reinicia o processo da arte. Deus faz uma pergunta a Jeremias: “Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o SENHOR. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel. (v.5).

A Pergunta aparentemente reivindica uma afirmativa, mas na prática a resposta é: “Não jeremias não posso”! Isso está explicito no capitulo 17. Então porque Deus faz aquela pergunta? Toda figura de linguagem tem um limite de aplicação dentro da hermenêutica. Nenhuma figura esgota o sentido do texto em sua integra, pois não consegue acompanhar a dimensão de correlação! Deus estava dizendo em outras palavras para Jeremias: “O oleiro tem poder sobre o vaso, eu não tenho”! “tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pareceu.”. (v 5). Eu estou tentando! Mas até agora não consegui...e só vou consegui se judá deixar! Ele diz que da mesma forma como o barro assim seria a casa de Israel, contudo não era isso que estava acontecendo.

Judá havia caido, o barro estava sem forma, e recusava deixar Deus lhe dar nova forma. O barro na mão do oleiro é totalmente dominado pela vontade do oleiro, contudo Deus como oleiro, não viola a liberdade do homem. Ele se lamenta por não poder fazer o que o oleiro estava fazendo com o barro, pois ele queria o melhor, mas judá tinha liberdade para fazer o que achava melhor para sí mesmo. O barro na mão do oleiro não tem livre arbitrio, mas judá tinha liberdade para rejeitar a forma que o oleiro (Deus) queria lhe dar.

Da mesma forma devemos nos relacionar com Deus sabendo que ele não vai violar a nossa liberdade, embora ele queira nos dar a forma de cristo, em ultima análise que vai determinar se quer ou não ser moldados por Ele,  somos nós.  A Ele cabe apenas lamentar caso recusemos, como estava se lamentando  no caso de Judá.

IV. Deus não determina nosso futuro. O nosso futuro está em construção. Nossas decisões hoje determinam as ações de  Deus, Ele vai se alegrar com seus acertos e ajudá-lo  nos seus erros! Contudo na alegria ou na tristeza, Ele se fará presente (Jr 18. 7-10).

O que é que Deus tem para min? Que pergunta! Deus diz para Jeremias que a sua luta era que Ele queria fazer com a nação o que o oleiro estava fazendo com o barro. Acontece que o barro se quebrou nas mãos do oleiro. Veja que o oleiro não impede o vaso de cair e se quebrar, mas ser colocado na roda não depende do barro. Assim é com Deus, podemos nos quebrar, mas continuar a viver é com ele, só ele nos dá a vida e ânimo para continuar! No entanto, lembremos que Deus está usando uma figura de linguagem para falar do seu relacionamento com o  homem! O homem  ao cair continua a sua vida, mas “deixar Deus lhe dar a forma”, é opcional, essa era a  tristeza de Deus no tocante a Judá a quem ele chama de “casa de Israel” (v 6).

Na sequência Deus mostra qual a diferença entre a forma do oleiro trabalhar com o vaso sobre a roda e Ele se relacionar com o homem na vida. Ele diz que ele é um Deus interativo, na linguagem tecnológica,  ele está semper “online”. Deus fala para Jeremias que ele espera o homem agir, a partir do momento que o homem tomas as suas decisões, ele não vai impedir o homem sua ação, contudo o processo de ação deflagra consequencias. 

Se as ações do homem forem más, as consequencias será destruição, não que Ele vá destruir, mas que Ele não fará nada para impedir. Da mesma forma ele interfere eliminando o processo destrutivo que está direcionado como efeito das ações do homem: “também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe” (v 7-8).

Veja que o mal que vem de Deus não tem origem nele, mas sim num processo deflagrado pelas más ações do homem. Ninguém que está sofrendo pelas suas ações pode se queixar alegando que está sendo punido por Deus, visto que Deus: “Dá liberdade para a ação do homem, ao mesmo tempo em que o responsabiliza pelas consequencias dessa liberdade”.

Essa postura de Deus é aboluta tanto para o bem ou para o mal que o homem venha praticar, semelhantemente, o homem pode construir sua vida na prática do bem, contudo não há predileção para nenhum filho se esse venha praticar o mal, ele adverte que retira as promessas de bem, visto que o mal construói efeitos destrutivos.

Quem  quiser se relacionar com Deus deve entender que ninguém está acima do bem e do mal. Deus não determinou nem benção nem maldição para ninguém. Benção e maldição estão condicionadas a liberdde do homem. Quem quiser saber qual é seu futuro, olhe para as suas ações hoje, Deus não constroi o futuro de ninguém, ele convida o homem a ser  parceiro nessa construção.

Conclusão

Estar na roda, significa risco de se “quebrar”.  Deus não impede a queda, assim como  o oleiro não impediu o vaso de se quebrar. O homem tem liberdade para cair, mas a fé lhe dá forças para levantar. O oleiro colocou o barro novamente na roda: “tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pareceu. ( Jr 18.4). O barro não pode dizer ao oleiro a forma que quer ter como molde. O homem pode insistir em continuar com a mesma forma que tinha antes de se “quebrar”!

Estar na roda, significa risco de se “quebrar”.  Deus não impede a queda, assim como  o oleiro não impediu o vaso de se quebrar. Depois que o oleiro colocou o barro novamente na roda: não quis lhe dar a mesma forma. ( Jr 18.4). O oleiro faz o que quer com o barro, mas Deus é limitado pelo amor! Quem ama não usurpa a liberdade do outro! A tristeza de Deus estava em que Judá iria se quebrar mais uma vez, pois ainda não tinha aprendido a usar a sua liberdade para construir a sua vida. Suas quedas anteriores não tinha exercido o processo pedagógico de aprendizado.

Deus não se entristece com quem cai, mas se decepciona com quem depois da queda permanece com a mesma forma. A razão de existir do barro (homem) em cima da roda girando (vida) não é ter medo de cair, mas de ao cair se levantar e não ter mais a  mesma forma que tinha antes da queda. A tristeza de Deus, não é nos ver de-formados com as quedas, mas ao perdermos  as formas, deixar passar a oportunidade de fazer uma re-forma! (Jr 18.6), e ganhar uma nova forma.

6 comentários:

  1. Graça e paz!

    O tema que escolheu, sobre o vaso nas mãos do oleiro, foi muito bom.

    Creio que Deus não se decepciona conosco porque Ele já conhece o coração do homem e sabe o quanto somos capazes de cometer por diversas vezes os mesmos erros.

    No livro de Jeremias, a reconstruçã nem sempre parece estar projetada necessariamente para o primeiro momento após o exílio, mas inclui acontecimento de uma era messiânica.

    Parece-me que a reconstrução do "vaso" faz-se debaixo da graça, coisa que Judá precisava experimentar. E, igualmente, muitos crentes que vivem se quebrando ainda podem não ter compreendido profundamente o significado da mensagem da graça.

    Pela graça somos salvos, o que significa que a nossa restauração e o nosso levantamento após as quedas é feito por ela. Só por ela. Porém, muitas vezes somos enganados a construir nossa espiritualidade debaixo de legalismos, doutrinas de homens e métodos para controlar a carne, o que acaba influenciando no reacionamento com o Criador.

    Graciosamente,

    Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz

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  2. Rodrigo
    É um prazer ter você aqui no meu blog
    Quanto ao seu comentário inicial:

    "Creio que Deus não se decepciona conosco porque Ele já conhece o coração do homem e sabe o quanto somos capazes de cometer por diversas vezes os mesmos erros".

    Olha Rodrigo minha reflexão no tocante a pessoa de Deus não tem base no postulado grego, onde se cruza os atributos tais como ONIPOTÊNCIA ,e todos os demais ONIS...

    O Deus que sabe e não faz nada para evitar, está fora da minha reflexão, por isso não uso o termo grego ANTROPO-PATHISMO, com a definição de "SENTIMENTOS HUMANOS ATRIBUIDOS A DEUS".

    Isso por uma razão muito simples acredito em THEO-PATISMO que defino justamente o contrário: "SENTIMENTOS DIVINOS ATRIBUIDOS AO HOMEM". Afinal quem criou quem? Como pode ser sentimentos humanos atribuidos a Deus se foi Deus quem criou o homem? Logo acredito sim literalmente que Deus se frustra, se decepciona, se alegra, entristece, etc...

    AS definições dos atributos da teologia sistemática tem como postulado os conceitos do DEUS METAFÍSICO da filosofia grega "LOGOS". A razão que governa o universo, para min a "RAZÃO SE FEZ CARNE"(Jo 1.14).
    Na encarnação a razão grega perdeu a razão pois o próprio Deus sentiu-se abandonado por Deus quando disse: "DEUS MEU DEUS MEU PORQUE ME DESAMPARASTE"!

    Grato pelo seu comentário e volte sempre que quiser.
    Abraço.

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  3. Prezado J. Lima


    Põe um título nesse teu inspirado e emblemático comentário ao Rodrigo, e se possível, dê autorização à C.P.F.G, para postá-lo lá.

    Creio que essa sua abordagem iria, com certeza, desembocar numa dialética superinteressante.

    PENSE NISTO.

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  4. primeiramente, quero dizer ao levi que o professor sumidinho já me deu autorização para postar na confraria qualquer dito sapiente vindo da sua tão profícua mente judaica anti-platônica. kkkkkkk

    professor, agora as minhas ponderações:

    certamente, o deus sentimental hebraico que se frusta e se alegra é bem mais aprazível do que o deus cristão grego impassível e chato. se eu tivesse que escolher entre um e outro eu ficaria com o deus que se arrependeu de ter feito o homem.

    tua análise do texto de jeremias é sensacional, você descobre nuances hermenêuticas que na maioria das vezes nos escapam.

    agora uma questão para você pensar em cima da sua frase:

    "o homem pode construir sua vida na prática do bem, contudo não há predileção para nenhum filho se esse venha praticar o mal, ele adverte que retira as promessas de bem, visto que o mal construói efeitos destrutivos."

    decerto, o mal constrói efeitos destrutivos mas no caso, o contrário pode ser verdade (ou não), de o bem produzir efeitos construtivos.

    o que você quer dizer é que se o homem buscar o bem ele sempre receberá de deus o bem? creio que não, visto serem "promessas" de bem e não sempre o bem. ou seja, nem sempre quem faz o bem recebe o bem de volta.

    desenrola esse mistério para mim ô sumidinho...

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  5. Eduardo primeiro que me desculpar pela ausência.
    E agradecer pela sua sempre honrada visita.
    Até a quantidade de posts ficou bem reduzida no meu blog.

    Estou sempre postando alguns min-textos no facebbok. Por gastar pouquissimo tempo.
    Fá recomecei a faculdade dessa feita optei por CIÊNCIAS SOCIAIS, na METODISTA.
    Olha o texto postado não está no nível de mentes como a sua e do mestre Levi.

    Está muito abaixo do grau de reflexão que eu poderia oferecer para vocês, mas esse visa apenas trazer uma reflexão sobre a episteme tradicional no relacionamento com o “absoluto” Deus.

    Você percebeu a “falha”, quanto a esse comentário:

    "O homem pode construir sua vida na prática do bem, contudo não há predileção para nenhum filho se esse venha praticar o mal, ele adverte que retira as promessas de bem, visto que o mal construiu efeitos destrutivos."

    Primeiro eu quis desconstruir essa de “predileção”, e trazer o relacionamento da fé no nível de maior “interação”. Poderia chamar de “interatividade entre o Sujeito e o objeto da fé”. Que no caso do Cristão Deus é “objeto da sua fé”.

    Na realidade uma análise psicológica do texto mostra Deus numa dimensão muito mais REATIVA do que ATIVA. Justamente o contrário da teologia brasileira em sua maioria das confissões evangélicas.

    Eu não creio e você sabe disso no processo de causa e efeito, na realidade não acho que Deus intervém diretamente, mas que a AÇÃO DO HOMEM TRAZ EM SÍ UMA REAÇÃO, isso sim. Contudo nem sempre com exatidão para a lógica, pois nas contingências da vida a a lógica se perde aliais vive mais perdida!

    Ainda não consegui me definir em termos de palavras, gosto do DEISMO mas o acho muito distante, o monismo me agrada mas é insuficiente, gosto da TRANSCENDENCIA mas não demais da sua AUSENCIA , gosto da IMANÊNCIA mas não tanto da sua presença! Tanto a distância com sua ausência quanto a imanência com a sua presença, podem tirar o assombro do mistério!

    Preciso crer em ambas sem poder explicar, não posso nominar a minha fé palavras tira a roupa do mistério e o deixa nu!
    Entendeu mestre!
    Abraço.

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  6. Quanto a postar textos meus na CPFG.
    Levi como o Eduardo disse vocês estão sempre autorizado a fazer uso de qualquer texto que quiserem.
    Fiquem a vontade.
    Me sentiria honrado em ter um texto meu debatido na instância mais elevada da blogosfera.
    Obrigado

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