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sábado, 11 de dezembro de 2010

Uma Psicoteologia da Oração do Pai Nosso


Jesus é o filho que traz a revelação do Pai “PAI” (Mt 6).  

O PAI NOSSO, fala da coletividade, unidade da humanidade, fala da IRMANDADE. O termo “NOSSO” na oração de Jesus, fala do conforto da aceitação em contraposição ao SENSO DE DESAMPARO que vive toda humanidade, ao mesmo tempo em que conclama todos aqueles que aceitarem a revelação de DEUS COMO PAI, viverem em HARMONIA, (razão?). Afinal, o PAI é NOSSO, é de todos. Toda a humanidade compartilha da “angustia” do desamparo! Na metafísica de Jesus, o amor do PAI nivela todos os homens como irmãos.

QUE ESTÁS NOS CÉUS, (necessidade da transcendência?), mas é “NOSSO” na terra; ou seja, sem o outro (irmão?) na terra, não há PAI NOS CÉUS! Se o Pai é nosso, implica que o filho  tem irmãos, sem esses o filho torna-se ÚNICO, mas o Pai não aceita filho único, o único que teve ofereceu para ter em troca MUITOS. (redenção?).

“SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME”, lembre se que a palavra SANTIFICADO, não pode ser desconectada do NOME, ou seja, se no Antigo testamento ele chama um povo para representar o seu NOME, no novo o NOME dele ganha rosto: “O FILHO NA ENCARNAÇÃO!”.  Ao falar para santificar o nome do PAI, Ele traz o seu nome para a TERRA, para o meio dos homens.


O PÃO NOSSO DE CADA DIA, é a sociologia do Deus que se fez carne. O pão é diário, abaixo o capitalismo tirano! Afinal na existência o que temos é “cada dia”... Ninguém pode viver o dia de amanhã, hoje!  A não ser o neurótico, que na sua neura, perde toda a óptica, constrói um castelo de areia, e sonha em viver nele. Esse é irmão do psicótico, que na sua psique, não se contenta em sonhar, mora no castelo construído pelo neurótico... E para legitimar o imóvel paga aluguel ao  psiquiatra...

PERDOA AS NOSSAS DIVIDAS, assim como perdoamos aos nossos devedores. Esse senso de incompletude, essa sensação de falta que cobramos do outro, simplesmente por não conseguir vislumbrar que a ausência está em nós. O perdão para o outro é necessário, pois na realidade a falta do outro, não é a falta dele, mas a nossa falta refletida nele... Sendo assim O PAI QUE ESTÁ NOS CÉUS, perdoa as nossas dividas, pois há um dever de perdoar o outro para o meu próprio bem. Afinal ao perdoar estou me perdoando!

NÃO NOS DEIXES CAIR EM TENTAÇÃO... Como? Segurando na minha mão? Não! O PAI precisa soltar a mão do filho para que esse possa andar sozinho. È preciso ruptura, o filho foi levado ao deserto PARA SER TENTADO, então CAIR EM TENTAÇÃO é descrito a seguir: “PORQUE SE PERDOAR SERÁ PERDOADO”! Agora sim, se a falta que está no outro é a minha falta refletida como no espelho (Lacan?), então, ao não perdoar o outro eu CAIO EM TENTAÇÃO. A tentação é não perdoar o outro, pois estaria condenando a mim mesmo, afinal o outro é a única forma de ver nele minhas faltas!

LIVRA-NOS DO MAL não é pedir ao pai, para impedir que a tentação venha ao FILHO, mas impedir que o ao se confrontar com a falta do outro (Tentação?) não venhamos querer que o outro sofra pela falta, pois assim estaríamos dando a nossa própria sentença: “Condenando-nos no outro”! Fazendo isso estaria transformando a tentação em mal. Jesus como filho foi tentado a odiar seus inimigos, mas ao perdoar ele eliminou a possibilidade de transformar a tentação num mal.

5 comentários:

  1. Caro professor J. Lima


    Essa oração do Pai Nosso do ponto vista psicanalítico tem muita coisa a nos dizer.

    Quando Cristo disse em sua oração: “Vem a nós o teu reino” — Ele colocou o trono no coração psíquico do homem, e inverteu a ótica do trono político que tem um rei todo poderoso e déspota, a quem os súditos devem se curvar com temor e tremor.

    Digo que ele inverteu a ótica mundana de reino , porque, diferentemente do político, nessa nova versão de reino, os “súditos de nossa psique” não vão até o rei. Pelo contrário, o Rei, na qualidade de servo, é quem desce do seu trono para lavar os pés dos seus “súditos” (senhores).


    P.S.: Postei recentemente no meu blog um pequeno estudo sobre a “Última Ceia de Cristo” do ponto de vista mítico e psicanalítico. Se tiveres tempo, dá uma passada lá para interagirmos à respeito.


    Abçs

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  2. Graça e paz!

    Muito boa a reflexão!

    Gostaria de compartilhar que o "estáis nos céus" reforça a ideia de santidade como também lembra o grande amor que o Pai tem para conosco porque a grandeza de sua misericórdia é tão grande quanto a distância dos céus em relação à terra (Sl. 103.11).

    Deus abençoe o irmão!

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  3. Rodrigo.
    È um prazer ter você no meu blog seja bem vindo.
    Olha respeito a sua colocação quanto ao termo “Que estais nos céus”! Mas não acredito que Cristo queria se referir a santidade!
    A definição de “Santidade” oriunda das interpretações dos pais da igreja, passando por Agostinho e Thomas de Aquino, para min são ultrapassadas. Tiveram a sua utilidade no seu tempo.
    Definir “santidade” não tem nada a ver com “asceticismo”, “mosteiros” e com exercícios espirituais como jejum, oração, nem ir ao tempo ou “Fazer a vontade de Deus”.
    A minha leitura é que, Jesus ora dizendo “pai que estás nos céus”, ao mesmo tempo em que diz: “quem vê a min vê ao pai”.
    Minha leitura é que “o pai que estás nos céus”, não tem relação com “santidade”, mas com “plenitude”. Céus para min não é “lugar”, mas um estado!Fala da dimensão transcendente do ser humano.
    A santidade de Deus está em cristo, que é a “Expressão exata do seu ser”! E cristo foi chamado de “comilão, beberão, amigo de publicanos e pecadores e prostitutas”! Faço uma pergunta paradoxal: “Cristo com as atitudes que teve no seu tempo, hoje poderia ser chamado de Cristão”? Pois é, para min a santidade de Deus está na expressão da vida de cristo na terra, e não no legalismo instituído pela tradição da igreja e tão recomendado hoje!
    Abraço.

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  4. Errata: onde está tempo é "templo"

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  5. Professor J Lima. Estou passando por aqui hj e fiquei maravilhado com o artigo lido. Sou formado em Teologia e Psicanalise Clínica e acredito que o ser humano já nasce com um "arquivo de memória rompido" devido ao pecado. Já nascemos procurando o lugar que perdemos junto ao Pai. Tb sou de Campinas e se pudermos nos encontrar para conversar, será um prazer...

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